sábado, 1 de março de 2008


BOA – NOITE

BOA – NOITE

Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora.

A lua nas janelas bate em cheio.

Boa-noite, Maria! É tarde... É tarde...

Não me apertes assim contra teu seio.

Boa-noite!...E tu dizes – Boa-noite,

Mas não digas assim por entre beijos...

Mas não mo digas descobrindo o peito,

- Mar de amor onde vagam meus desejos.

Julieta do céu! Ouve...a calhandra

Já rumoreja o canto da matina.

Tu dizes que eu menti?...pois foi mentira...

...quem cantou foi teu hálito, divina!

Se a estrela-d’alva os derradeiros raios

Derrama nos jardins do Capuleto,

Eu direi, me esquecendo d’alvorada:

“É noite ainda em teu cabelo preto...”

É noite ainda! Brilha na cambraia

- Desmanchando o roupão, a espádua nua –

O globo de teu peito entre os arminhos

Como entre as névoas se balouça a lua...

É noite, pois! Durmamos, Julieta!

Recende a alcova ao trescalar das flores,

Fechemos sobre nós estas cortinas...

- São as asas do arcanjo dos amores.

A frouxa luz da alabastrina lâmpada

Lambe voluptuosa os teus contornos...

Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos

Ao doudo afago de meus lábios mornos.

Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos

Treme tua alma, como a lira ao vento,

Das teclas de teu seio que harmonias,

Que escalas de suspiros, bebo atento!

Ai! Canta a cavatina do delírio,

Ri, suspira, soluça, anseia e chora...

Marion! Marion...É noite ainda.

Que importa os raios de uma
nova aurora?!...

(Autor desconhecido)

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